segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O PESO DOS MEUS OLHOS


Veja como estão meus olhos,
Vidrados, atentos, focados
Do lado de fora da janela.
Veja meus olhos
Como não se movem um milímetro
E choram sozinhos, simultâneos
E cheios de decepção.

Meus olhos,
Veja só como eles estão.
Olhos pesados de se carregar,
Que tentam pular das órbitas,
Tentam se cegar, escurecer.
Olhos que tentam ocultar
A própria visão do mundo.

Meus olhos,
Veja como estão os meus olhos
Que fitam com desesperança
A sua face, os seus olhos secos,
Seus olhos felizes, seus olhos belos.

Olhe bem nas minhas pupilas
Cansadas de penetrar nas mentes
E perceber a mentira de olhos alheios.
Veja quão foscas sãos
E quanto brilho estão a mendigar...

Meus olhos,
Tente calcular o peso desses olhos
Que estou doando a quem o suportar.
Ponho os meus olhos na vitrine,
Expostos, focados no lado de fora da janela,
Chorando sozinhos, simultâneos,
Cheios de decepção, amargurados
E penetrantes nas pupilas alheias.

Danilo del Monte


**imagem: Lumen Design Studio

2 comentários:

  1. "Olhos pesados de se carregar..."
    Isso me disse muito.Me fez lembrar de tudo que já vi,e de como já pesou!
    Lindo poema,sucesso pra ti :)
    bjsssss

    www.dancaharah.blogspot.com

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  2. Niloooooo! Que lindo! Parabens, voce e nosso Pessoa! Bjs Edu

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