sexta-feira, 22 de abril de 2011

A PROCISSÃO

Vem de longe, vem da igreja, caminhando
A passos lentos, penosos e cheios de mágoa
A multidão que traz as velas e que canta
Enquanto chora na calada noite santa.

Os olhos vêm pesados, caindo, chorando,
Vêm os olhos mentindo as suas águas
Que caem sobre as velas, apagam chamas
Que se acendem quando o padre chama.

Vem de longe a procissão que seu deus ama.
Vem de longe a multidão que clama com louvor,
Desce a rua a multidão que diz sentir a dor
Do senhor que ela própria assassinou.

O pelejar da multidão todo ano é natural,
É seguir com fé e medo o que é obrigação.
É o deixar-se enganar e fingir que todo o mal
É culpa daquele prego fincado àquela mão.

Ah, muito mais legal é o carnaval...

Danilo del Monte


4 comentários:

  1. Mais legal e menos penoso, os mesmos que vão a missa, são os mesmos que pulam carnaval e cantam beber, cair e levantar.

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  2. simplesmente amei sua poesia...mto boaaa...

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  3. como sempre, ótima.
    aspecto crítico inabalavel né...sempre!
    bjo!

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  4. KKKK...Amei! O pior é que somos assim mesmo, pecamos e pedimos perdão, na certeza de sermos perdoados! "Ainda bem que Deus é pra mim..."

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