domingo, 8 de maio de 2011

AS GERAÇÕES

Não sei se é o tempo que anda
Ou a gente que se planta no concreto.
Seria melhor se a gente caminhasse com ele
Para efeito de reduzir o impacto? Talvez correr?
E se o encarássemos, autoritários, seguros
E sem medo nem receio gritássemos:
“Daqui pra frente eu vou também.”?

Não sei se corre o tempo apenas
Ou se, enquanto ele corre, a gente anda pra trás.
Faria alguma diferença se parássemos no hora e no lugar,
Se cruzássemos os braços, batêssemos os pés
E de alto e bom som, exclamássemos:
“Não recuo mais um passo.”?

Seja como for,
Ele vem e passa e faz as gerações passarem por mim
Como os transeuntes passam pela avenida central
Sem notar as obras de arte na calçada.
Da maneira como for,
Elas me atravessam como um raio-X
E deixam transparecer em mim todas as falhas
Que fotografias e frases não deixaram sair.

As gerações passam e me humilham,
Me transpassam sem o mínimo respeito.
Nunca sequer pararam para tirar o chapéu.
Nunca sequer manifestaram o desejo de ajudar.
Nunca sequer demonstraram um mínimo de ressentimento.

Elas só passam.
Tempo, tempo, tempo...
Tempo e todas as gerações que me cortam,
Será que não percebem o que eu percebo?
Então, seja como for, seja!
Mas se é pra me rasgar que seja ao menos
Com o meu conhecimento.

Aí vem, posso sentir.
Enquanto as letras se posicionam,
As palavras se montam e os versos se formam,
No horizonte vem surgindo a próxima geração que passará por mim.



Danilo del Monte

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