domingo, 15 de maio de 2011

DE UM MINUETO

Boca vermelho sangue
E olhos de um verde mar,
E tudo é tão postiço
Quanto o sorriso
De iluminar.

Todo dia um ritual
Sem o qual não pode passar,
Esconde-se em qualquer canto
E solta o pranto
Até soluçar.

Andando por qualquer rua
A lua vai lhe mostrar
Que quando está descontente
Convidada a gente
A lhe admirar.

Mas se a lua se mostra bela
A esquina a faz lembrar
Que a vida não é bonita,
Que ela é sofrida
E faz machucar.

Cigarro pra fazer charme
E gim para agüentar.
Se a rotina se faz difícil
É parte do ofício
Dissimular.

Encosta e mostra as pernas
Que servem para abraçar.
O corpo ali aguarda
E a mente guarda
O desesperar.

Na vista há um casal
Que na praça a faz invejar,
O seu amante de hoje
Amanhã foge
Pra não voltar.

E sozinha se indaga:
Quando é que vai acabar?
Mas quando a noite finda
É sempre bem vinda
A luz em seu olhar.

Olhos vermelho sangue
E boca um verde mar,
E tudo é tão tristonho
Como um bom sonho
Ao acordar.

Danilo del Monte


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