quarta-feira, 18 de maio de 2011

PLENILÚNIO




Não importa o nosso nível de amargura.
Não importa quantos séculos passaram.
Quantos ainda passarão, não importa.
Sempre que a senhora noite escura
Lança ao breu a bela jóia rara,
Clara como as lágrimas na face,
Os livros e os jornais não mais importam.

Não importa o quanto
Ao longo desses anos
Derrubamos pela estrada afora.
Não importa o quanto acumulamos
Em desprezo ou mediocridade.
Altaneira, pagã, absoluta,
Toda luta travada logo é esquecida.
Quando os olhos cravam sobre ela,
Discursos, armas e bandeiras não importam.

Dias vencidos em horas.
Horas vencidas em minutos.
Sonhos diminutos e ainda tanto por fazer...
Nada disso importa... não quando
A cheia e sempre bela jóia clara,
Rara como as nossas atenções a ela,
Nos fita tão soberba e tão carente.
Tão hipnótica... tão desesperada...
Tão convincente ao dizer que nada importa.

Passem quantos séculos passarem,
Quando a lua cheia aparece, nada mais importa.


Danilo del Monte

imagem: Fotografia de Mariana Altivo

Um comentário:

  1. Belíssimo texto!!!
    Descreve com maestria todo o sentimento que nasce dentro de mim a cada noite em que observo a Deusa Cálida, sempre linda e inspiradora.
    Parabéns!!!

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