segunda-feira, 11 de julho de 2011

CHÃO E ROSTO



No rosto baixo, espelho de feições tristes,
No chão, rugas ou profundas moradias.
O solo triste fita o rosto e não chora,
O rosto triste também fita o solo e não consegue chorar.
Como dois homens em um bar a se entreolharem,
Cada qual com seu copo de aguardente na mão,
O rosto e o chão adivinham os pesares um do outro
E compreendem-se, ainda que o rosto diga sim
E o chão exclame desesperadamente que não.
Entreolham-se
.



Danilo del Monte


(fotografia: Tiago Santana)

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