segunda-feira, 18 de julho de 2011

OS VENENOS II (MATÁFORA MAIOR)



Todo veneno criado é criado justamente para matar,
Assim como para matar foi criado o sentimento,
E a metáfora maior sangrenta que habita o ser
Pulsa fortes doses de veneno que corroem o corpo.

Meus passos me consomem. Sinto-me definhar
A cada triste idéia que me invade a cabeça,
E não fossem os venenos que matam me salvar,
Talvez nem mesmo até aqui eu teria caminhado.

De ancestrais de toda a Terra surge o primeiro,
Como rota de fuga da realidade que não fazia senão maltratar.
O segundo é francês. Não, o segundo é suíço,
Embora tenha ficado a França com toda a glória,
O segundo não fazia fugir como o primeiro,
O segundo fazia inspirar, deixava o terceiro fluir.
Sim, o terceiro, o terceiro nasce dentro de mim
E por dentro de mim se espalha como praga.
É o terceiro que mata mais lentamente
.
Enquanto escrevo sinto esverdear-me.
Verdes também ficam as paredes do meu quarto,
Conversam comigo e eu transcrevo a conversa.
Um quadro de repente se põe a chorar.

Venenos que são feitos para amenizar.
Metáfora maior atingida em cheio por si própria,
Como podes ainda bater tão violenta
Se tragédia maior foi sempre causada por ti?

Danilo del Monte


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