domingo, 23 de outubro de 2011

O ERRANTE


Tenho mecanismos de defesa
Que a própria defesa pode ignorar.
Às vezes erro a mesa,
Viro a de casa, sirvo a do bar,
Já paguei despesa de mendigo
E fugi deixando a minha sem pagar.

Já dei minhas emoções como mortas,
Já cheguei a enterrar o que não faleceu.
Já valorizei o mínimo e não vi o apogeu,
Mas ainda escrevo tudo em linhas tortas
Muito mais certas que as de Deus.

Meus métodos de ataque erram o alvo
E batem forte no que é meu.
Tenho escudo e não estou a salvo,
Já tive imunidade, hoje se escondeu.
Meus exércitos me abandonaram
Achando que eu já não era eu.

Eu já quebrei a mesa
E depois, triste, corri a consertar.
Um dia eu fugi com pressa,
Hoje, arrependido, volto devagar.
Ontem me perdi na estrada,
Hoje só quero me encontrar.

Danilo del Monte

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