quinta-feira, 19 de abril de 2012

O LOBO


Quando o céu é rasgado pela lua
Os lobos da alcateia vão atrás.
Alfa, que poderoso se acentua,
Transforma o amigo em capataz;
Mas se uma nuvem atravessa a lua,
Inteira, a alcateia se desfaz.
- Acordem os homens, tragam os tais,
Não deixem que a comida fique crua.

E se um de seus homens cai pela rua,
Por abandono não levanta mais.
É o jogo, os erros são fatais.
- Se um vai, outro vem e também sua.

Deixe que os homens contemplem a lua
Enquanto o lobo os vê como animais,
Sabedor é o lobo, a lua é sua,
- Dê à eles, então, os castiçais.


Danilo del Monte

segunda-feira, 16 de abril de 2012

COMO A CABEÇA DE SOREL




Acho que enfim a máscara caiu,
E como a cabeça de um tal Sorel
Rolou no chão de pedra sem pudor.

O rei que me habitava se despiu,
Rasgou sua coroa de papel
Como rasga-se uma história de amor.

Que descuido... a máscara caiu.

Meu rosto descoberto sente dor...

Danilo del Monte

terça-feira, 10 de abril de 2012

SOBRE O COMBINADO


Foi através de palavras suaves...
Através de palavras quase mudas,
Como as de quem precisa refletir.

Combinado em palavras indiretas...
Acordado em palavras sem sentido,
Como de quem tem medo de sentir.

Havemos de seguir o combinado.

Mas qual é esse acordo a se seguir?



Danilo del Monte


*nota: a imagem não tem nada a ver, mas quem disse que eu achei outra?!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

AQUILO QUE TE FORTALECE




Não sei. Não quero. Não gosto.
Nada posso naquilo que te fortalece,
Menos pode em mim palavra que arrefece.

Não hei. Não espero. Não ouço.
Moço que sou, não entendo tua prece
Virtuosa ao louvar virtude que apodrece.

Filho que teme e busca o pai no poço...

Pai que se existe, do filho se esquece.



Danilo del Monte


*(fico devendo o crédito da imagem)