segunda-feira, 21 de maio de 2012

VEJO CRIANÇAS



Vejo crianças que brincam nas ruas.
Vejo crianças que brincam nos parques.
Vejo que crianças que correm, que gritam,
Que tropeçam, levantam, se riem e se jogam contra os pais.
Vejo crianças que fogem dos pais
E, num ato de defesa,
Não me demoro em abrir os jornais.

Vejo crianças que me enfraquecem
A cada joelho ralado contra o chão,
A cada riso de deboche sobre a vida adulta,
A cada carência pretensiosa e egoísta.
Maquiavélicas crianças que me deixam mais fraco...
Crianças que não param um minuto de surgir,
Crianças que sugam de nós nossa miséria
E a cada abraço roubam um pouco de agonia.
Corro desesperado em busca dos jornais.

Vejo crianças e me apavoro...
Sinto-me submisso ao tempo,
Sinto-me de repente dentro da espécie mais trivial de homens.
Vejo essas crianças e logo me torno tudo o que não quis,
E não tarda um traiçoeiro sorriso tenta me incriminar...
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Vejo crianças que me roubam sorrisos...
Por deus, onde estão os jornais?


Danilo del Monte

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