segunda-feira, 25 de junho de 2012

UM MATADOR DE GIGANTES

Filho meu, quanto tempo, que saudade,
Venha, entre, me pegou em boa hora.
A casa é sua, minha que não há de ser.
Que tem feito da vida e de você?
Estava pensando justamente agora
Em erguer uma mansão nessa cidade.

Veja que bela porta de madeira,
Presente de um baiano boa vida;
Trouxe-a nas costas lá de Juazeiro.
Enriquei, mas não gosto de dinheiro
Dinheiro me atrai coisa dolorida,
Então ele é seu, use-o como queira.

Vamos, entre, não fique aí parado.
Dê um cigarro ao teu velho pai
Que felizmente agora ficou rico.
Reformarei a casa, mas não fico,
Partirei esse mês para Dubai,
Onde secretamente fui chamado.

E viu que jogo duro quarta feira?
Eu ganhei a camisa do atacante,
Fui eu que lhe ensinei a jogar bola.
Desde que o Zico me acertou de sola
Tenho vivido por aí errante,
Ainda há sangue meu em sua chuteira.

Será que você tem mais um cigarro?
Antes de ir, me compre uma cerveja
Enquanto eu penso na decoração.
O Zé do bar me deve um milhão,
E se não quiser me pagar, que seja,
Já vivo de vender santos de barro.

Danilo del Monte


*imagem: Windmills - Dom Quixote e Roncinante

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