domingo, 30 de setembro de 2012

DAS FARSAS


Das farsas, creio, sou a mais sincera,
Contribuo para ser desmascarado.
Finjo-me sensato ao ser apaixonado,
Tinjo-me homem quando sou quimera.

Furtivo, tenho um coração que espera
Paciente ao bater descompassado,
E antes mesmo de estar sentenciado
Enternece com as cores da aquarela.

Só mesmo cego pra fugir das cores.
Só mesmo surdo pra fugir das notas.
Meus olhos, que mentiam sobre as flores,

Desentendem o que uma tal denota.
Essa tal que escancara meus temores,
À qual minha visão é tão devota.


Danilo del Monte


image: "Apartheid Soneto", de Avelino Araujo
(http://www.avelinodearaujo.com.br/)

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