quinta-feira, 8 de novembro de 2012

DE CIMA DO ALL-STAR




Lembra-se do sorriso visionário que na tua face e na minha
Iluminava as ruas por onde passávamos?
Lembra-se? Havia duas faces e um mesmo sorriso.
Tínhamos vertigens que não eram acompanhadas por nenhum seguidor,
E, como fosse o caso, brincávamos de incompreendidos.
Lembra-se dos discursos adolescentes feitos para ninguém?
Subíamos no próprio tênis all-star e lá de cima se podia ver o mundo todo.
Cada falha, cada pranto, cada repressão, cada problema.
Lembra-se de como eram belos discursos adolescentes com ideias infantis?
Eram ideias infantis faladas em tom adulto,
E o que imaginávamos era a sapiência da velhice transbordada de ensinamentos.

Os discursos hoje estão em outras bocas,
(bocas nem mais belas, nem mais tristes, nem mais eloquentes que as nossas,
bocas exatamente iguais. Bocas visionárias e solitárias. Iguais)
Os sorrisos estão renovados e ainda brincam de incompreendidos,
E nós temos os olhos baixos cravados no próprio sapato de couro.
Tudo o que podia ser visto podia ser mudado, se lembra?
Hoje tudo o que é visto é abraçado vergonhosamente pelas nossas camisas.
Lembra-se da alma que vendemos a um caixeiro viajante
Com a promessa de nos tornarmos fortes?
Hoje nós somos fracos e acabamos por perder a nossa alma.

Danilo del Monte

Nenhum comentário:

Postar um comentário