segunda-feira, 21 de abril de 2014

ATORDOANTE CALMARIA




Cheguei,
Com esforço e muito suor
Àquele momento de agonia em que me sinto bem.
Caminho calmamente pelas ruas,
Cumprimento os conhecidos que encontro,
Não desvio os olhares e falo com naturalidade.

Estou
- ou acredito que estou -
Calçado sobre o planeta que recebe bem os meus pés.
Os temores dos espelhos envelhecidos
E aquele incontrolável bater de coração,
Já não os sinto mais.... 

Não vejo
- nem noto a silhueta -
Daquele desespero que atropelava minhas palavras.
Desesperado por sua ausência, uso o tato,
Vou abrindo minha carne tentando encontrá-lo
E julgo - aliviado - sentir o seu relevo.


Danilo del Monte
* imagem: Fotografia de Francesca Woodman




Nenhum comentário:

Postar um comentário