segunda-feira, 2 de junho de 2014

FALSO E DESONESTO




Se há rima,
Se há métrica,
Se há preocupação quanto ao encaixe do verso,
Então há pudor.

Não há Bocage desbocado
Que me convença
Ser honesto
Um caralho
Pautado em uma quadra.

E quantas porras houver no soneto...
Se é soneto,
Ou é desonesto
Ou é falso
(porque pode-se muito bem ser falso sendo honesto).

E se me cativam
Putas que parem
Ou não parem
Em abortos decassílabos,
Confesso estar exposto
À minha falsidade cultural.

Neste caso,
Sendo falso,
Sou também um desonesto.

Danilo del Monte

*imagem: Bocage e as Ninfas