quarta-feira, 20 de julho de 2016

MAL COMPARANDO

Mal comparando
é como tivessem acendido a luz na minha cara
quando eu tanto precisava de escuridão.

As formas, como sabemos,
– as mesas, as caixas, as janelas –
mostram-se na claridade tal como são,
rudes sejam ou mais delicadas,
e carregam cores e formas
que o olhar nos obriga à imediata aceitação.

A escuridão, por outro lado,
como uma poetisa grega, apenas sugere,
e cabe à imaginação preencher as lacunas
– colorir as mesas, as caixas e as janelas –
e ordenar os móveis de forma lógica
para que neles o cego não tropece.

A luz do quarto,
mal comparando, queimou a minha inquietação.
É preciso apagar tudo outra vez.


Danilo del Monte