quarta-feira, 22 de outubro de 2014

DAS COISAS QUE SOBRAM



Então, o que sobrou?
Um toco de árvore fincado à terra.
Sobraram quatro ou cinco páginas
Mal escritas, mal inspiradas e muito mal desenvolvidas.

Quatro ou cinco noites mendigadas,
Algumas doses de cachaça mal tragadas,
Algumas conversas muito mal articuladas.
Quando foi que nos tornamos tão artificiais?
Da insanidade de outras eras,
Ficaram lampejos sóbrios e doentios
Da sobriedade que tenta nos matar.
De Pompeia restam múmias,
E não choramos por Troia o mesmo que choramos por Pompeia. 

Então, o que sobrou?
Algumas mensagens vazias de felicitações.
Sobraram quatro ou cinco presentes
Que o descaso tenta a todo custo destruir.

Danilo del Monte