sexta-feira, 15 de abril de 2011

HIROSHIMA - PALAVRAS DE UM SOBREVIVENTE

Ao fazer um trabalho de escola sobre a Segunda Guerra Mundial, quando eu ainda estava na oitava série, apenas 14 anos, me deparei com um documento fantástico em um livro que utilizei em minhas pesquisas. Este documento era um relato de um sobrevivente à bomba de Hiroshima, e nunca antes eu havia lido algo tão sublime, tão chocante e estarrecedor  sobre o episódio. Encontrei este documento na internet e estou postando-o aqui. Vale a leitura. A história deve sempre ser lembrada.


“Para os que lá estavam e sobreviveram, a lembrança do instante em que o homem, pela primeira vez, desencadeou contra si mesmo as forças naturais de seu universo. Um relâmpago de pura luz, ofuscante e intensa, mas de uma terrível beleza e variedade (…) Se houve algum som, ninguém o ouviu.
O relâmpago inicial gerou uma sucessão de calamidades. Primeiro veio o calor. Durou apenas um instante, mas foi de tal intensidade que derreteu os telhados, fundiu os cristais de quartzo nos blocos de granito, chamuscou os postes telefônicos numa área de três quilômetros e incinerou os seres humanos que se achavam nas proximidades, tão completamente que nada restou deles, a não ser suas silhuetas, gravadas a fogo no asfalto das ruas nas paredes de pedra.
Depois do calor veio o deslocamento de ar, varrendo tudo a seu redor com a força de um furacão soprando a 800 quilômetros por hora. Num círculo gigantesco de mais de três quilômetros, tudo foi reduzido a escombros.
Em poucos segundos, o calor e o vendaval atearam milhares de incêndios. Em alguns pontos, o fogo parecia brotar do próprio chão, tão numerosas eram as chamas tremulantes geradas pela irradiação do calor.
Minutos depois da explosão, começou a cair uma chuva estranha. Suas gotas eram grandes e negras. Esse fenômeno aterrador resultava da vaporização da umidade da bola de fogo e de sua condensação em forma de nuvem. À medida que a nuvem, formada de vapor de água e dos escombros pulverizados de Hiroshima, atingia o ar mais frio das camadas superiores, condensava-se, caindo sob a forma de chuva negra que não apagava os incêndios, mas aumentava o pânico e a confusão (…).
Depois da chuva veio o vento – o grande vento de fogo –, soprando em direção ao centro da catástrofe e aumentando de violência à medida em que o ar de Hiroshima ficava cada vez mais quente. O vento soprava tão forte que arrancava árvores enormes nos parques onde se abrigavam os sobreviventes. Milhares de pessoas vagavam às cegas e sem outro objetivo a não ser fugir da cidade de qualquer maneira. Ao chegarem nos subúrbios, eram tomadas, a princípio, por negros e não japoneses, tão enegrecidas que estavam. Os refugiados não conseguiram explicar como foram queimados. ‘Vimos um clarão’, contavam, ‘e ficamos assim’.” 
Retirado do Livro
“A SEGUNDA GRANDE GUERRA – DO NAZISMO À GUERRA FRIA”, de Luiz Arnaut
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Pensem nas crianças
Mudas, telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, só não se esqueçam
Da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima,
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

(Vinicius de Moraes, "Rosa de Hiroshima")






*NOTA: Não pude verificar o nome do autor da carta, já que os sites em que a encontrei citam apenas o autor dos livros em que ela está publicada,  o que a faz parecer um documento apócrifo. Fica a dívida

Um comentário:

  1. achei mto interessante esse post...o tema, o texto literário sobre o acontecimento, o video e a música. Gostei demais. Parabéns!

    *ahhh...detalhe...leio seu blog quase todos os dias :)

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